A tradição e a magia do futebol passado de gerações

A real história de Dodô Farias ao assistir a primeira partida de futebol com seu avô

O ano era 1984, o dia 24 de agosto. Aquele menino de recém completados 7 anos se preparava para realizar um dos seus primeiros sonhos.

Chovia muito e fazia frio naquela noite de sexta feira. Fato que o deixava mais apreensivo.

Seu avô materno que a pouco retornará de Porto Velho, havia lhe prometido ainda em solo rondoniense, que quando voltasse a sua querida Dourados iria levar o seu neto para assistirem a um jogo de futebol no único estádio de futebol da cidade (Promessa essa que foi enviada através de cartas). O Estádio da LEDA.

Seu avô, um descendente de portugueses de personalidade forte, um homem exemplar como cidadão e obviamente apaixonado por futebol.

Outrora, havia despertado no seu netinho o fascínio de ouvir o esporte bretão pelas ondas do Rádio. O mundo maravilhoso do futebol através daquela caixinha mágica.

A tão sonhada hora chegou. Seguiram caminhando a pé o percurso casa/ estádio. Sua casa se localizava na rua Cuiabá, esquina com a General Osório, perto da feira livre na época. E claro em frente à casa havia um campo de futebol.

Campo esse que o garotinho ficava horas acompanhando, sonhando, as partidas realizadas no Beira Zona (a origem do nome do campo fica para uma próxima história).

Foram 6 quadras intermináveis e o ancião foi o percurso inteiro contando as maravilhas realizadas pelo seu Santos F.C de Pelé. Não parava de citar o ataque mais famoso do mundo do futebol: "Dorval, Mengalvio, Coutinho, Pelé e Pepe.

Mal sabia o avô que o garoto já tinha um ídolo no coração. Mas ouvia com prazer e fascínio as histórias relatadas pelo avô.

Chegando no estádio, parou em frente ao portão principal e leu o nome que ficaria para sempre na sua memória e no seu coração.

Napoleão Francisco de Souza.

O jogo era entre o Clube Atlético Douradense X Corinthians Paulista.

O Corinthians de Solito, Edson, Vladimir, Zenon, Arthuzinho, Paulo Cesar e outros craques

O CAD, o time do avô na cidade, faria aquele jogo amistoso contra o Bicampeão paulista, e contava com jogadores como Everton, Baiano, Júlio Cesar, Adir e outros.

Quando entrando nas dependências do estádio o menino vendo as arquibancadas abarrotadas de gente ficou embasbacado. Olhando aquele gramado verdinho, nunca havia visto um gramado verdinho daquele, apenas no imaginário colorido do rádio.

Ficou maravilhado com aquela magia, aquela atmosfera. Ali ele entendeu o significado de quando ouvia falar da magia do circo, do teatro. Ali mesmo, nas arquibancadas de tábuas soltas de madeiras do estádio da LEDA, ele entendeu o poder da magia.

O CAD entra em campo com sua "farda" toda azul, hoje vou me apropriar do termo que o avô do garotinho usava para descrever os uniformes dos times de futebol, farda.

O time da casa entrando em campo e o menino na sua inocência ficará pensando: "um dia vai ser eu ali com essa farda azul".

O Corinthians entra em campo. E nem um pouco menos maravilhado o menino fixa os olhos na "boca" do túnel dos visitantes.

Camisa branca, calções negros e meias brancas. Chuteiras brilhantes.

Então o menino oriundo de família muito humilde olha para cada canto do lendário estádio da LEDA e enxergava um horizonte colorido da vida, que até então ele só conhecia mundo mágico do rádio.

Naquela noite de sexta-feira fria, ele viu com os olhos o que o coração já conhecia

Assim: o jogo foi 3X0 para o time Paulista. Gols de Lima, Arthuzinho e Paulo Cesar.

Em 2001 o Avô herói em seu leito de morte recebe a visita do garotinho.

Agora um pai de família, e o seu neto chega bem pertinho do seu ouvido e diz: "obrigado por aquele 24 de agosto de 1984. Obrigado pelo CAD 0X3 Corinthians.


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